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Toxina da cascavel pode atuar como tônico muscular

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cascavel

Cascavel (Crotalus durissus)

Poderoso analgésico, anti-tumores, transportadora de medicamentos e agora também… tônico muscular.

Mais um item se soma à lista de propriedades da crotamina, uma toxina do veneno da cascavel. É o que constatou a toxinologista Saraguaci Hernandez Oliveira, através de um trabalho de pós-doutorado que conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Sob a supervisão da farmacologista Léa Rodrigues Simioni, do Departamento de Farmacologia da Unicamp, Saraguaci verificou o aumento da força muscular esquelética produzido pela crotamina em ratos vivos. Esse efeito se manifestou também em músculos esqueléticos isolados de camundongos e foi capaz de reverter até mesmo a paralisia provocada pela tubocurarina, um potente relaxante muscular.

Uma das possíveis aplicações da crotamina seria servir de modelo para a síntese de medicamentos que aumentariam a força de pacientes acometidos por doenças que causam fraqueza muscular – como a miastenia gravis.

Por isso, Saraguaci teve de avaliar também a toxicidade da substância. “A dose em que a crotamina aumentou a força nos ratos foi muito menor do que aquela em que a toxina foi letal para os animais”, diz a pesquisadora. Apesar das espectativas, por enquanto, Saraguaci demonstrou a ação tônica da crotamina apenas em animais normais. O próximo passo da pesquisadora é testar a ação da toxina em animais com miastenia gravis. Para isso, ela produziu em laboratório ratos miastênicos.

Isso só é possível porque já se sabe que a miastenia gravis é uma doença auto-imune, isto é, o organismo dos portadores da doença (miastênicos) produz anticorpos que atacam e danificam certas proteínas do corpo – os receptores nicotínicos – elementos essenciais na sinapse (comunicação) entre o nervo e o músculo. Sem esses receptores, ocorre fraqueza e paralisa muscular. Por essa razão, Saraguaci imunizou ratos com receptores nicotínicos. Ao injetar pequenas quantidades desses receptores nos animais, a pesquisadora fez com que seus organismos desenvolvessem anticorpos contra eles. Depois de algum tempo, os anticorpos reconheceram e atacaram também os receptores previamente existentes no corpo dos ratos, imitando, assim, a miastenia gravis em humanos.

Caso a crotamina seja capaz de aumentar a força dos ratos miastênicos, ela poderá ser apontada como um modelo para a fabricação de medicamentos alternativos para combater os sintomas da doença. Embora já existam medicamentos para esse fim, eles produzem diversos efeitos colaterais que atingem os pacientes mais sensíveis. Isso acontece porque os medicamentos disponíveis atuam de modo indesejável em vários locais do corpo.

A pesquisadora revelou que pretende ainda avaliar se a crotamina melhora o desempenho dos ratos miastênicos enquanto eles se exercitam em esteiras. Os portadores da doença costumam apresentar fraqueza muscular quando se submetem a exercícios físicos. E como a crotamina é danosa às células musculares, Saraguaci vai verificar também a relação entre a dose tóxica e a dose terapêutica (tônica).

A crotamina é famosa por exibir diversas propriedades de interesse médico. Além de ter sido considerada um analgésico mais potente que a morfina, recentemente foi apontada como uma inibidora da formação de tumores e transportadora de agentes ao interior das células.

Fonte: Labjor – Unicamp via (Caroline Borja-Visão Global)

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